domingo, 22 de outubro de 2017

CORTE DE ASAS E RUÍNA (ACOTAR #3)

"A guerra se aproxima, um conflito que promete devastar Prythian. Em meio à Corte Primaveril, em um perigoso jogo de intrigas e mentiras, a Grã-Senhora da Corte Noturna esconde seu laço de parceria e sua verdadeira lealdade. Tamlin está fazendo acordos com o invasor, Jurian recuperou suas forças e as rainhas humanas prometem condescender aos desejos de Hybern em troca de imortalidade. Enquanto isso, Feyre e seus amigos precisam aprender em quais Grão-Senhores confiar e procurar aliados nos lugares mais improváveis. Porém, a Quebradora da Maldição ainda tem uma ou duas cartas na manga antes que sua ilha queime."

DISCLAIMER: Essa será uma LONGA resenha cheia de AMOR e SENTIMENTOS. Muitos dele. E fangirling. E ships. E mais sentimentos. Pode ter spoilers, mas eu sempre aviso antes de escrevê-los para você fugir (sou uma pessoa boa nesse nível). Bjobrigada. #levementedesiquilibrada



Corte de Asas e Ruína (no acrônimo original, ACOWAR) é uma resenha difícil de fazer porque eu amo essa série e, principalmente, amo suas personagens. Com honestidade, cada livro do universo de ACOTAR não só entrou na minha lista de favoritos no ano em que foi lançado (2015 a 2017), como a série de modo geral faz parte da minha lista literária de favoritos “da vida”.  E ACOWAR, tendo encerrado a trilogia original protagonizada por Feyre, fechou com chave de ouro esse capítulo do universo criado por Sarah J Maas.

É importante dizer que ACOWAR não é um livro perfeito – essa honraria fica com o livro dois da trilogia, ACOMAF (o que é extremamente curioso, pois geralmente o segundo livro de uma trilogia costuma ser o mais fraco).  Ainda assim, possui muitos pontos positivos e foi uma experiência de leitura extremamente prazerosa, que ofereceu uma conclusão satisfatória à trilogia original, aprofundou a construção de mundo (finalmente sabemos mais sobre as demais Cortes e seus Grão-Senhores, bem como sobre a história recente de Prytian) e ofereceu reviravoltas e surpresas ao longo do caminho.

Mas, primeiro, o não tão bom assim...

Entre os problemas deste terceiro livro, diria que ACOWAR é bastante longo, mas com um desenvolvimento da narrativa mais lento (especialmente na primeira metade). Nada, porém, que vá desanimar aqueles que, como eu, já estão investidos na série e ficam felizes em ter mais páginas de Suriel, Nessian (S2) e afins. Pode ser mais cansativo, contudo, para aqueles que não tem o mesmo grau de investimento na história, ainda que tenham optado por concluir a leitura da trilogia original.

Para um livro longo, alguns acontecimentos são sub explorados e você fica se perguntando qual o papel deles e se não poderiam ter sido cortados ou trabalhados de outra forma.  Vou ilustrar este ponto a seguir com dois exemplos que podem ser considerados spoilers, então pule o restante deste parágrafo (e o próximo) caso você prefira não saber.  O primeiro é o espelho da Corte dos Pesadelos e o segundo é a jornada de Lucien. Sobre o espelho (que mostra o pior de cada um e costuma levar as pessoas à loucura), lemos que Feyre o enfrentou, ficamos sabendo do resultado, mas em nenhum momento vemos o que de fato se passou. É um exemplo clássico do “contar e não mostrar”. E o mesmo se passa em relação à jornada de Lucien, que além de não acompanharmos, culmina com uma saída bastante conveniente no final de ACOWAR. Em relação a estória de Lucien, contudo e para ser justa, acredito que seja a intenção da autora explorar o que não vimos com mais profundidade nos próximos livros da série.

Preciso comentar ainda que a revelação feita por Mor (quem leu, saberá; quem não leu, pule esse parágrafo: spoilers a frente) soou deslocada dado o contexto dos livros anteriores. Sarah J Maas tem uma qualidade maravilhosa que é ouvir os leitores e tentar endereçar críticas às suas narrativas. Um ponto sobre o qual ela tem sido chamada atenção com frequência (e razão) é a falta de diversidade tanto em Trono de Vidro quanto em ACOTAR. Tendo lido até aqui todos os livros de ambas as séries (com exceção de “A Lâmina da Assassina”), posso dizer que Maas tem ouvido e construído personagens mais diversas nas últimas obras que publicou. Isso é muito bom. Mor, porém, me pareceu uma decisão tomada de última hora dentro deste contexto e que não foi pensada desde o livro um. A revelação de Mor cria um problema que, ao meu ver, é ela saber que Azriel é apaixonado por ela há 500 anos (literalmente) e jamais mencionar “cara, sem chance, parte para outra” quando ele é um dos melhores amigos dela. Me parece algo cruel para se fazer com alguém que é praticamente família para você, não? 

E, claro, Sarah J Maas precisa escrever personagens menos sex-crazed, porque as vezes simplesmente não é o momento (quando o mundo está prestes a acabar e você precisa salvá-lo são exemplos de timing ruim que me ocorrem). Algumas vezes as cenas soam quase engraçadas ao invés de sexy. GENTE PELO AMOR DE DEUS, VAMOS TODOS FOCAR! ISSO ESTÁ PARECENDO UM FILME DO JASON



Algumas opiniões que li a respeito de ACOWAR e que julgo importante pontuar, embora não compartilhe delas, criticaram o final por possuir bastante pontas abertas em relação a muitas das personagens, inclusive algumas bem centrais à trama. É verdade, mas não vejo isso como algo ruim considerando que: (i) a estória de de Feyre, Rhysand, Hybern e o caldeirão, que foi o arco principal desta trilogia original, foi satisfatoriamente encerrada; e (ii) as pontas soltas serão, possivelmente, endereçadas nos próximos livros que irão compor o universo de ACOWAR (a primeira de duas novelas, a ser publicada em maio de 2018, irá versar especificamente sobre os acontecimentos na Corte dos Sonhos pós ACOWAR e os três romances anunciados terão um par distinto de protagonistas cada). Neste sentido, particularmente discordo destas opiniões porque ACOWAR encerra um importante arco (e o faz bem), mas não serve como encerramento da série como um todo.

Por último e ainda sobre o final (SPOILER massivos, corre daqui e vai para o próximo parágrafo), preciso reconhecer que ele poderia ter sido um pouco menos feliz. Não queria que o espírito do George R.R. Martin baixasse em Sarah J Maas e ela saísse matando todo mundo (até porque, como vocês verão abaixo, eu sou muito apegada a estas personagens). Porém, se você tem uma guerra que vai definir o futuro da humanidade, haverão baixas. Várias delas e, inclusive, de gente importante para a estória. O fato de nenhuma personagem importante ter perecido durante a trilogia é, no mínimo, inverossímel.

E, agora, as coisas boas!

Falei bastante sobre críticas, mas essa não é de forma alguma uma resenha negativa. Novamente: adorei ACOWAR. Entre os pontos positivos, conhecer as outras Cortes e seus Grão-Féericos, com suas próprias estórias, personalidades e nuances (Helion e Kallias todo mundo, quero ouvir um "Amém"), contribuiu muito para adicionar camadas de complexidade ao mundo construído pela autora. Eu leria um livro só sobre os outros Grãos-Féricos em uma road trip se Sarah J Maas escrevesse, porque todos eles são maravilhosos de se ler a respeito (especialmente juntos), inclusive aqueles que são pessoas horríveis.


Da esquerda para direita, Kallias (único interessado em ler um guia), Helion, Thesan e Rhys.

As personagens realmente são um dos pontos fortes da escrita de Maas. Todas são todas muito interessantes para se ler a respeito, mesmo quando você não gosta delas. Algo que Maas faz tanto em Trono de Vidro quanto aqui é expandir o núcleo de personagens relevantes para muito além dos protagonistas iniciais, dando informações sobre o passado e motivações para cada um deles, além de traços peculiares que os distinguem dos demais. Isso faz com que você se apegue, torça e sofra por QUASE TODO MUNDO NESSA PORRA DE LIVRO, COMO ISSO E POSSÍVEL? É uma experiência maravilhosa (e difícil para um autor recriar) quando o leitor se importa com um número tão elevado de personagens em uma mesma história. 

Em algum momento devo fazer uma postagem ou vídeo de discussão sobre ACOWAR, só para fazer todo o fangirling que minhas personagens amadas  merecem e shipar todo mundo a vontade.


No geral, a verdade é que ACOWAR, como muitos dos livros da autora, possui aquela qualidade dificil de definir, levemente viciante, em que você não consegue parar de ler até terminar. O valor no quesito entretenimento de ACOWAR e da série como um todo é altíssimo.  Embora o livro seja longo, a leitura flui rapidamente e, ao menos para mim, nunca de forma cansativa. Mesmo quando em termos de ação as coisas não estao acontecendo, a construção de mundo e o desenvolvimento das personagens continuam mantendo o leitor interessado e querendo mais.

Em resumo: gostei muito de ACOWAR e, como encerramento à ACOTAR e ACOMAF, acredito que merece uma nota máxima pelo conjunto da obra (foi a avaliação que optei por fazer). Somente o livro em sí, contudo, talvez fosse um quatro de cinco estrelas, especialmente considerando que ACOMAF é superior e, na minha opinião, impecável.

Narrativa: 4/5
Desenvolvimento das personagens: 5/5
Fator X: Personagens incríveis que mereciam um livro próprio. Todas elas. Até as que eu não gosto.
Avaliação Geral: 5/5 POR UMA DAS MINHAS TRILOGIAS DE FANTASIA FAVORITAS!


Obs com spoilers: Minhas apostas sobre os três romances no universo de ACOWAR que serão publicados nos próximos anos (a autora adiantou que cada um terá duas personagens como protagonistas) são NestaxCassian, LucienxVassa e AzrielxElain. Diz aí quais são as suas!





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