sábado, 7 de outubro de 2017

AS SOBREVIVENTES

Quincy viajou com seus melhores amigos e retornou sozinha, foi a única sobrevivente de um crime terrível. Num piscar de olhos, ela se viu pertencendo a um grupo de garotas sobreviventes com histórias similares, como as de Lisa e Sam. Porém, um bloqueio na memória de Quincy não permite que ela se lembre dos acontecimentos daquela fatídica noite. Quando Lisa é encontrada morta na banheira de sua casa com os pulsos cortados e Sam surge na porta de Quincy, ela percebe que precisa se lembrar do que aconteceu. Mas recuperar a memória pode revelar muito mais do que ela gostaria.”


Outubro, mês de Halloween. Como não dar um jeito de rever Abracadabra, assistir algum slasher, rever Abracadabra uma segunda vez (tem as Irmãs Sanderson, ninguém pode te julgar), reclamar que a terceira temporada de Scream está atrasada e falar de livros de suspense?

Uma rápida passada de olho aqui no Lekatopia revela que meus interesses de leitura estão bem concentrados nos gêneros Fantasia e YA/New Adult. O que é verdade, mas de alguma forma meu gosto por livros de suspense (e Discovery ID e filmes de terror) acabou não sendo capturado em resenhas. Até me dei ao trabalho de conferir e confirmei que nunca resenhei nenhum thriller para o blog. Nunquinha.

Basta. Chega de negligenciar minhas crianças.

Nesse momento levanta, sacode a poeira, dá a volta por cima do blog em relação ao gênero, vamos falar de As Sobreviventes, de Riley Sager. Lançado em julho desse ano nos Estados Unidos e em agosto no Brasil, eu aguardei ansiosamente para colocar minhas mãozinhas na estória de Quinn, Sam e Lisa. Isso porque e como a premissa transcrita no início dessa postagem sugere, Sobreviventes se propõe a construir um suspense a partir de um dos mais conhecidos (e festejados) tropes do terror: a “Final Girl” que o título em inglês referencia, também conhecida como a única garota sobrevivente de algum tipo de massacre do gênero slasher (pense em Halloween, Pânico, Sexta Feira 13, O Massacre da Serra Elétrica, Eu sei o que vocês fizeram no verão passado, Lenda Urbana e por ai vai).

Infelizmente, o livro fica aquém das expectativas, especialmente quando Stephen King declara que acabei de ler “o melhor thriller de 2017” (ou é o que a capa que estou segurando me informa). É um livro ruim? Não, de forma alguma.  Tem, contudo, algumas falhas que eu gostaria de pontuar e que podem ajudar a calibrar as expectativas de outros leitores e tornar a experiência de leitura mais bacana para eles.

Talvez o problema todo seja uma questão de expectativas vs realidade, especialmente para quem já consumiu muito material dentro do gênero, sejam livros ou filmes. Eu ansiava por uma experiência na forma de livro muito similar à Pânico no auge do seu jogo (ou outro bom filme de slasher). A realidade, porém, foi uma narrativa onde pouco acontece nas primeiras 200 páginas (cerca de 2/3 do livro) e você só sabe que há algo de errado porque a sinopse te conta. Você não sente que as personagens estão em perigo iminente em nenhum momento da narrativa até, talvez, os capítulos finais. E mesmo neles a resolução é muito rápida. Não há grandes cenas de perseguição, mensagens ameaçadoras escritas no espelho do banheiro ou uma contagem de corpos. 


As Final Girls são as protagonistas do livro, mas a obra não busca replicar a estrutura narrativa do gênero, com exceção das cenas de flashback. Diria, aliás, que Sobreviventes passa boa parte da obra discutindo as implicações que tais situações de tamanho choque e stress geraram na vida das protagonistas e suas famílias - o que, a seu próprio modo, é interessante e oferece uma perspectiva distinta de outras obras.

Sobre o final, o fato do livro não ter muitos personagens desde o início já torna o rol de possíveis suspeitos bem estreito. Você talvez não acerte que foi a Dona Violeta na sala de estar com o castiçal (eu particularmente não acertei), mas é bem possível que esse seja um dos seus palpites.

Saldo final? Valeu a leitura, ainda que minhas expectativas não tenham sido atendidas. Um bom livro, só não o melhor dos suspenses.

Narrativa: 3/5
Desenvolvimento das personagens: 3/5
Fator X: Tropes do gênero!
Avaliação Geral: 3/5 

Obs 1: Me sinto mal por discordar do Stephen King, estou quase aumentando a nota.
Obs 2: Aproveita o clima e faz este teste do BuzzFeed para você descobrir se você sobreviveria a um filme de terror!



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